quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

As coisas na sua identidade



Thomas Merton

Uma árvore glorifica a Deus, em primeiro lugar, por ser uma árvore. Porque, sendo o que Deus entende que seja, espelha uma idéia que está em Deus e não é distinta da essência de Deus; portanto, uma árvore, sendo árvore, é, dalgum modo, uma cópia de Deus.

Quanto mais uma árvore se assemelha a si própria, tanto mais se assemelha a Deus. Se tentasse parecer-se com qualquer outra coisa que nunca fosse destinada a ser, parecer-se-ia menos com Deus e, por consequência, glorificá-Lo-ia menos.

Não há dois seres criados exatamente semelhantes. E a sua individualidade não é imperfeição. Pelo contrário: a perfeição de cada coisa criada não reside simplesmente na sua conformidade com um tipo abstrato, mas na sua identidade individual consigo mesma. Determinada árvore glorificará Deus prolongando as suas raízes na terra e erguendo os seus ramos no ar e na luz de uma maneira como nem antes nem depois dela, nenhuma outra árvore jamais o fez nem fará.

Imaginais que, consideradas individualmente, todas as criaturas do mundo são tentativas imperfeitas de reproduzir um tipo ideal que o Criador jamais conseguiu realizar na terra? Se assim é, elas não O glorificariam e antes proclamariam que Ele não é um Criador perfeito.

Eis a razão por que cada ser em particular, na sua individualidade, natureza concreta e entidade, com todas as suas características, qualidades que lhe são próprias e inviolável identidade, glorifica a Deus sendo precisamente o que Ele quer que seja, em determinado lugar e momento, nas circunstâncias que o Seu Amor e Sua infinita Arte lhe prescrevem.

As formas e os caracteres individuais das coisas que vivem e crescem, das coisas inanimadas, dos animais, das flores, de toda a natureza, constituem a sua santidade aos olhos de Deus. É sendo o que são que elas são santas. A tosca e típica beleza deste poldro, neste dia de Abril, neste prado, sob estas nuvens, é uma coisa santa e consagrada a Deus pela Sua Arte e proclama a glória de Deus.

As flores brancas de certa variedade de abrunheiro que se avistam desta janela, são santas. As florinhas amarelas que ninguém nota à beira do caminho são santas que olham Deus face a face.

Esta folha possui a sua particular contextura e a sua individual rede de nervuras e a sua própria forma santa; a perca e a truta, ocultas nos profundos recantos do rio, são canonizadas pela sua beleza e pela sua força.

A grande montanha, seminua, escavada pelas enxurradas, é mais um santo de Deus. Não existe outra como ela. É única dentro das suas características; nenhuma outra coisa, neste mundo, refletiu ou refletirá jamais Deus absolutamente da mesma maneira. E nisto consiste a sua santidade.

Mas vós? E eu?

Diferentemente dos animais e das árvores, não basta que sejamos conformes à nossa natureza. Não basta ser individualmente homens. Para nós, a santidade é mais do que natureza humana. Se nunca formos nada mais do que homens, nada mais do que o eu trazido pelo nascimento, não seremos santos e estaremos impossibilitados de prestar a Deus o culto de o imitarmos, que seria santidade.

Pode na verdade dizer-se que, para mim, a santidade consiste em ser eu próprio, que, para vós, a santidade consiste em serdes vós próprios, e que, em última análise, a vossa santidade nunca será a minha e a minha nunca será a vossa, exceto no que respeita à partilha comum de caridade e de graça.

Para mim, santificar-se significa ser eu próprio. O problema da santidade e da salvação consiste, portanto, e na realidade, no problema de encontrar o que sou e em descobrir o meu próprio eu.

As árvores e os animais não têm problema a resolver. Deus fá-los o que são sem os consultar e eles ficam perfeitamente satisfeitos. Conosco, é diferente. Deus deixa-nos a liberdade de ser o que quisermos. Podemos ser nós próprios ou não o ser, segundo a nossa vontade. Mas o problema é este: uma vez que só Deus possui o segredo da minha identidade, só Ele pode fazer-me o que eu sou, ou antes, só Ele pode fazer-me o que eu serei, quando, por fim, eu começar verdadeiramente a ser.

As sementes que, a todo o momento, são lançadas na minha liberdade pela vontade de Deus, são gérmens da minha identidade, da minha felicidade, da minha santidade.

Recusá-las é recusar tudo: é a recusa da minha existência e do meu ser, da minha identidade e do meu eu bem individual. Não aceitar nem amar nem realizar a vontade de Deus, é recusar a plena realização da minha própria existência.

E se não me tornar nunca aquilo que estou destinado a ser e antes ficar sempre o que não sou, passarei a eternidade a contradizer-me, por ser, ao mesmo tempo, alguma coisa e nada, uma vida que quer viver e que está morta e uma morte que quer estar morta e não pode realizar completamente a sua própria morte, porque é, não obstante, obrigada a existir.

Dizer que nasci no pecado é dizer que vim ao mundo com um falso eu. Entrei na existência sob o signo da contradição, sendo alguém que nunca tive a intenção de ser, e, por essa razão, sendo a negação do que se pode admitir que eu seja. Assim, entrei, ao mesmo tempo, na existência e na não-existência, porque, desde o começo, fui qualquer coisa que não era.

Exprima-se a mesma coisa sob uma forma menos paradoxal: durante todo o tempo em que não sou nada mais do que aquilo que nasceu de minha mãe, estou tão longe de ser a pessoa que deveria ser, que poderia mesmo não existir por completo. Na realidade, valeria mesmo mais, para mim, não ter nascido.

Cada um de nós está dissimulado por uma personalidade ilusória: um falso eu.

Este é o homem que eu próprio desejo ser, mas que não pode existir, porque Deus nada sabe dele. E ser ignorado de Deus é, reconheçamo-lo, demasiado isolamento.

A minha falsa personalidade é a que quer existir fora da irradiação da vontade e do amor de Deus - fora da realidade e fora da vida. E um tal eu tem de ser, por força, uma ilusão.

Não somos muito aptos para reconhecer as ilusões, - menos que qualquer outra, as que temos sobre nós próprios, - menos que qualquer outra, as que temos sobre nós próprios, - aquelas com que nascemos e que alimentam as raízes do pecado.  Para muitas pessoas, neste mundo, não há maior realidade subjetiva do que esse falso eu que é o seu e que não pode existir. Uma vida dedicada ao culto de tal sombra é o que se chama uma vida de pecado.

Todo o pecado tem como ponto de partida essa convicção de que o meu falso eu, o eu que existe somente nos meus desejos egocentristas, é a realidade fundamental de vida, à qual se subordina tudo mais que existe no universo. Assim, gasto a minha vida esforçando-me por acumular prazeres, experiências, poder, honra, ciência, amor, a disfarçar, revestindo-o, esse falso eu e a alicerçar o seu nada dentro duma realidade objetiva. E enrolo em volta de mim as minhas experiências, envolvo-me em prazeres e glória como em pequenas ligaduras, com o objetivo de me tornar perceptível a mim próprio e ao mundo, como se fosse um corpo invisível que só pode tornar-se visível se algo de visível cobrir a sua superfície.

Mas sob as coisas que acumulei em volta de mim, não há substância. Há só vazio, e o meu edifício de prazeres e de ambições sobre nada assenta. São eles que me objetivam, mas todos, pela sua própria contingência, estão destinados à destruição. E, quando desaparecerem, de mim nada mais restará a não ser a minha nudez, a minha vacuidade, o meu nada, para me revelarem que sou um erro.

O segredo da minha identidade está oculto no amor e na misericórdia de Deus. Mas tudo que está em Deus é realmente idêntico a Ele, porque a sua infinita simplicidade não admite nem divisão nem distinção. Não posso, portanto, esperar encontrar-me a mim próprio em parte alguma a não ser só n'Ele. Numa palavra: a única maneira como posso ser eu próprio é identificar-me a Ele, em Quem estão ocultas a razão e a completa realização da minha existência.

Há apenas, por conseguinte, uma único problema de que dependem inteiramente a minha existência, a minha paz e a minha felicidade: descobrir-me a mim próprio, descobrindo Deus. Se O encontrar, encontrar-me-ei a mim próprio, e, se encontrar o meu verdadeiro eu, encontrá-Lo-ei.

Mas, embora isto pareça muito simples, é, na verdade, imensamente difícil. De fato, se eu estiver abandonado, entregue a mim próprio, será mesmo completamente impossível, porque, embora, com o auxílio da minha própria razão, eu possa conhecer um pouco da existência e da natureza de Deus, não existe qualquer meio humano e racional para chegar a esse contato, a essa posse d'Ele, que será a descoberta de Quem Ele é realmente e de quem eu sou n'Ele. É algo que nenhum homem pode, sozinho, fazer. E nem todos os homens nem todas as coisas criadas que existem no universo, podem ajudá-lo em tal tarefa. Quem pode ensinar-me a encontrar Deus, é Deus, Ele Próprio, só Ele, unicamente Ele.

Thomas Merton, Sementes de Contemplação

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Naturalmente, este texto diz muita coisa e precisa ser meditado. Somente uma leitura detida será suficiente para lhe apreender todo o sentido. Espero que seja útil. Pax.

Rezai pela descoberta de vós próprios


Thomas Merton

Existe um ponto em que posso encontrar Deus, num contato real e experimental com a Sua infinita realidade: é aquele em que o meu ser contingente depende do Seu amor. Há em mim próprio, por assim dizer, um ponto culminante de existência em que sou mantido em vida pelo meu Criador.

Deus pronuncia-me como uma palavra que contém uma parcela do Seu pensamento. Uma palavra nunca é capaz de conceber a voz que a pronuncia. Mas se estou em conformidade com o conceito que Deus pronuncia em mim, se estou em conformidade com o pensamento d'Ele que era meu destino encarnar, estarei cheio da Sua realidade, encontrá-Lo-ei por toda a parte em mim próprio e não me encontrarei em qualquer outra parte. Estarei perdido n'Ele.

Quem, dentre vós, é capaz de reentrar em si próprio e aí encontrar o Deus que o pronuncia?

Se, como os místicos orientais, conseguirdes esvaziar o vosso espírito de qualquer pensamento e de qualquer desejo, podereis, na verdade, isolar-vos no centro de vós próprios e concentrar tudo o que existe em vós no ponto imaginário em que a vossa vida jorra de Deus, mas, no entanto, não encontrareis Deus. Nenhuma prática ou exercício natural pode levar-vos a um contato vital com Ele. A menos que Ele não se exprima em vós, que Ele não pronuncie o Seu próprio nome no centro da vossa alma, não O conhecereis melhor do que um seixo conhece o solo em que, na sua inércia, repousa.

A nossa descoberta de Deus é, dalgum modo, a descoberta que Deus faz de nós. Não podemos ir procurá-Lo ao céu, porque não temos qualquer meio de saber onde está o céu e o que é. Ele é que desce do céu e é Quem nos encontra. Olha-nos das profundezas da Sua infinita realidade, que está em toda a parte, e o fato de Ele nos ver confere-nos uma realidade superior, na qual também nós, por nossa vez, O descobrimos. Só O conhecemos na medida em que Ele nos conhece, e contemplá-Lo é participar na Sua contemplação d'Ele Próprio.

É no instante em que Deus se descobre em nós que nós nos tornamos contemplativos. Nesse momento, revela-se-nos o nosso ponto de contato com Ele, atravessamos o centro da nossa alma e entramos na eternidade.

É exato Deus conhecer-Se em todas as coisas que existem. Vê-las e é porque Ele as vê que elas existem. É porque ele as ama, que elas são boas. O amor que nelas põe é que faz a sua bondade intrínseca. O valor que Ele vê nelas é que faz o seu valor. É na medida em que Ele as vê e as ama que todas as coisas O refletem.

Mas, embora Deus esteja presente em todas as coisas pelo Seu conhecimento, o Seu amor, o Seu poder e o Seu interesse por elas, elas não têm d'Ele, necessariamente, consciência e conhecimento. Não é conhecido e amado senão por aquelas que generosamente admitiu a partilhar o Seu próprio conhecimento e o Seu próprio amor.

Para O conhecer e O amar tal como é, torna-se necessário que Deus habite em nós de uma nova e especial maneira. Assim Deus ajuda-nos, por missões sobrenaturais da Sua própria vida, a vencer as distâncias infinitas que O separam dos espíritos criados para O amar. O Pai, que habita no mais íntimo de todas as coisas e no mais íntimo de mim próprio, comunica-me o Seu Verbo e o Seu Espírito e, nessas missões, eu sou arrebatado para a Sua própria vida e conheço Deus no Seu próprio Amor.

A descoberta que faço da minha identidade começa nessas missões e nelas se completa, visto ser por elas que Ele Próprio, Deus, trazendo em Si Mesmo o segredo de quem eu sou, começa a viver em mim, não somente como meu Criador mas como um outro verdadeiro eu. Vivo, iam non ego, vivit vero in me Christus.

Essas missões começam no Batismo. Mas não assumem qualquer significação prática na vida das nossas faculdades até nos tornarmos capazes de atos de amor consciente. Daí por diante é que a presença particular de Deus em nós depende inteiramente das nossas próprias preferências. Daí por diante, a nossa vida torna-se uma série de opções entre a ficção do nosso falso eu, que alimentamos com as ilusões da paixão e dos apetites egoístas, e a nossa verdadeira identidade na paz de Deus.

Enquanto existo na terra, o meu espírito e a minha vontade permanecem mais ou menos impenetráveis às missões do Verbo de Deus e do Seu Espírito. Não recebo facilmente a Sua luz.

Cada manifestação dos meus apetites naturais, mesmo se a minha natureza é boa em si, tende, duma maneira ou doutra, a manter viva em mim a ilusão que contraria a realidade de Deus vivendo em mim. Os meus atos naturais, mesmo quando são bons, têm uma tendência quando apenas naturais, a concentrar as minhas faculdades sobre o homem que eu não sou, que não posso ser, o falso eu que há em mim, a personagem que Deus não conhece. É porque nasci no egoísmo. Nasci egocentrado, E é isto o pecado original.

Mesmo quando me esforço por agradar a Deus, tendo a agradar à minha própria ambição, Sua inimiga. Pode haver imperfeição mesmo no ardente amor duma grande perfeição, mesmo no desejo da virtude e da santidade. O próprio desejo da contemplação  pode ser impuro, quando esquecemos que a verdadeira contemplação significa a destruição completa de todo o egoísmo e a mais pura pobreza e limpidez de coração.

Embora Deus viva nas almas de homens que não têm consciência d'Ele, como posso dizer que O encontrei e me encontrei n'Ele, se não O conhecer nunca, se jamais pensar n'Ele, se não me interessar por Ele, não O procurar ou não desejar a Sua presença na minha alma? Para que serve dirigir-lhe algumas orações simplesmente formais, voltar-me depois para o outro lado, e dar todo o meu espírito e toda a minha vontade às criaturas, só me preocupando com objetivos muito afastados d'Ele? Mesmo quando a minha alma pudesse estar isenta de culpa, se o meu espírito não pertence a Deus, então também eu não Lhe pertenço. Se os meus desejos, em lugar de caminharem até Ele, se dispersam na Sua Criação, é porque reduzi a Sua vida em mim ao nível de uma formalidade, não permitindo que sobre mim exerça uma ação verdadeiramente vital.

Desculpai a minha alma, ó meu Deus, mas enchei também a minha vontade com o fogo das vossas fontes. Resplandecei no meu espírito, se bem que, talvez, isto signifique "sede trevas para a minha experiência", mas enchei o meu coração da Vossa Vida prodigiosa. Que os meus olhos só vejam no mundo a Vossa glória e que as minhas mãos não toquem nada que não seja para Vosso serviço. Que a minha língua só conheça o sabor do pão que me fortifique para Vos glorificar. Cantando os Vossos hinos, ouvirei a Vossa voz e todas as harmonias que Vós criastes. A lã da ovelha e o algodão dos campos dar-me-ão calor suficiente para que possa viver ao Vosso serviço; darei o resto aos Vossos pobres. Que me utilize de todas as coisas pelo único motivo de encontrar a minha alegria em glorificar-Vos magnificamente.

Antes de tudo, portanto, preservai-me do pecado. Livrai-me da morte do pecado mortal que põe o inferno na minha alma. Preservai-me do crime da concupiscência, que cega e envenena o meu coração. Preservai-me dos pecados que vão consumindo a carne do homem com um fogo irresistível, até o devorarem. Preservai-me do amor do dinheiro, que contém o ódio, da avareza e da ambição, que asfixiam a minha vida. Livrai-me das inúteis tarefas da vaidade, e do labor estéril em que os artistas se gastam a si próprios por orgulho, dinheiro e fama, e em que os homens piedosos são esmagados sob a avalanche de seu próprio e importuno zelo. Tratai, em mim, a fétida chaga da cobiça e os apetites que sangram a minha natureza até ao esgotamento. Esmagai a serpente da inveja que inflige ao amor a sua venenosa mordedura e que mata toda a alegria.

Soltai as minhas mãos e libertai o meu coração da sua indolência. Libertai-me da preguiça que se agita mascarada de atividade, quando não é atividade que se me pede, e da covardia que realiza o que não se exige com o fim de evitar um sacrifício.

Dai-me, porém, a força que se aplica a servir-Vos em paz e em silêncio. Dai-me a humildade em que reside a única possibilidade de repouso, e livrai-me do orgulho, que é o mais pesado dos fardos. Penetrai todo o meu coração, toda a minha alma, da simplicidade do amor. Enchei toda a minha vida só com o pensamento e com o desejo do amor; que me seja permitido amar não por amor do mérito, não por amor da perfeição, não por amor da virtude, não por amor da santidade, mas só por Deus.

Porque há uma só coisa que pode satisfazer o amor e recompensá-lo: Deus somente.

Eis, portanto, o que significa procurar Deus perfeitamente: desviar-me da ilusão e do prazer, das inquietações e dos desejos deste mundo, das obras de que Deus não necessita, de uma glória que mais não é do que humana vanglória; conservar o meu espírito liberto de qualquer perturbação, a fim de que a minha liberdade esteja sempre à disposição da Sua vontade; manter silêncio no meu coração e escutar a voz de Deus; cultivar a liberdade intelectual de afastar da minha inteligência, conceitos e imagens das criaturas, a fim de, na fé, sentir o contato secreto de Deus; amar todos os homens como a mim mesmo; repousar na humildade e encontrar a paz afastando-me das lutas e das rivalidades; manter-me à distância das discussões e livrar-me do pesado fardo dos juízos, da censura e da crítica, e de toda a carga de opiniões que não tenho qualquer obrigação de transportar; ter uma vontade que esteja sempre pronta a dobrar-se sobre si própria e a concentrar no mais profundo de si todas as forças da alma, para aguardar em silenciosa expectativa a vinda de Deus, permanecendo em suspenso, numa concentração tranquila e sem esforço, sob o pensamento de que dependo d'Ele em tudo; reunir tudo o que tenho e tudo o que sou capaz de suportar, de fazer ou de ser, e dar tudo isso a Deus, na submissão de um amor perfeito, de uma fé cega, de uma confiança sincera, para cumprir a Sua vontade.

E, depois, esperar, na paz, o abandono e o olvido de todas as coisas.

Thomas Merton, Sementes de Contemplação

sábado, 3 de dezembro de 2016

Senhor Jesus Cristo, tende piedade de mim

1 - A oração é uma das maiores e mais fortes potências que concede àquele que ora "nascer de novo", e lhe concede bem-estar corporal e espiritual.

2 - A oração são os olhos e as asas da alma; dá-nos a ousadia, a coragem e força para contemplar a Deus.

3 - Meu irmão, continue orando com a sua boca até que a graça divina ilumine-vos a orar também com o coração. Então, uma celebração divina terá lugar dentro de você de uma maneira maravilhosa, e você não vai mais orar com a boca, mas com a atenção que trabalha no coração.

4 - Se você realmente deseja expulsar todos os pensamentos anti-cristãos e purificar a sua mente, você vai conseguir isso apenas através da oração, pois nada é capaz de regular nossos pensamentos tão bem como oração.

5 - Tenha cuidado, porque se você for preguiçoso e desatento na oração, você não fará qualquer progresso, quer na sua busca de devoção ao Senhor, ou na aquisição de salvação e paz de espírito.

6 - O Nome de Jesus Cristo, que nós invocamos na oração, contém dentro dele mesmo um poder restaurador auto-existente e auto-atuante. Então não se preocupe com a imperfeição e secura de sua oração, mas com perseverança aguarde o fruto da invocação repetida do nome divino.

7 - Quando guiadas pela oração, as faculdades morais dentro de nós tornam-se mais fortes do que todas as nossas tentações e as conquistam.

8 - A frequência na oração cria um hábito de oração, que rapidamente se torna uma segunda natureza e que frequentemente traz a mente e o coração a um estado espiritual mais elevado. É a única maneira de alcançar as alturas da verdadeira e pura oração. Ela (a frequência) constitui o melhor meio de preparação eficaz para a oração e o caminho mais seguro para chegar ao destino da oração e da salvação.


9 - Cada um de nós é capaz de adquirir a oração interior e torná-la um meio de comunicação com o Senhor. Não custa nada, exceto o esforço para mergulhar no silêncio e nas profundezas de nosso coração, e o cuidado de invocar o doce Nome de Jesus Cristo o mais frequentemente possível, o que nos enche de alegria. Mergulhar em nós mesmos e examinar o mundo da nossa alma, nos dá a oportunidade de conhecer os mistérios do homem, sentir o prazer do auto-conhecimento e de derramar lágrimas amargas de arrependimento por nossas quedas e a fraqueza da nossa vontade.


10 - Possa sua alma abrir caminho com amor para o significado da oração, para que sua mente, sua voz interior, e sua vontade - estes três componentes de sua alma - tornem-se Um, e o Um torne-se Três; para que desta maneira o homem, que é uma imagem da Santíssima Trindade, entre em contato com e se una ao protótipo. Como o grande trabalhador e mestre da oração noética, o divino Gregório Palamas de Tessalônica disse: "Quando a unidade de nous (mente) torna-se trina, mas continua a ser única, então ela está unida com a Divina Unidade Triádica, e fecha a porta à todas as formas da ilusão e é levantada acima da carne, o mundo e o príncipe do mundo". ( The Philokalia, vol. IV. p.343 )


11 - Onde quer que a oração esteja ativa, há Cristo com o Pai e o Espírito Santo, a Santíssima Trindade, consubstancial e indivisível. Onde quer que haja Cristo, a Luz do Mundo, há a Luz Eterna do Outro Mundo; há Paz e Alegria; há Anjos e Santos; há o Esplendor do Reino. Bem-aventurados são aqueles que na vida presente estão vestidos com a Luz do Mundo - Cristo - pois eles já colocaram as vestes da incorruptibilidade.


12 - Visto que Cristo é a Luz do Mundo, aqueles que não o vêem, que não crêem Nele, são todos certamente cegos. Por outro lado, todos os que se esforçam para praticar os mandamentos de Cristo andam na luz, confessam Cristo e o veneram e o adoram como Deus. Aquele que confessa Cristo e o respeita como seu Senhor e Deus é fortalecido pelo poder da Invocação de Seu Santo Nome para fazer a Sua vontade. Mas se ele não é fortalecido, é evidente que ele confessa Cristo apenas com a boca, enquanto que em seu coração ele está longe dele.


13 - Assim como é impossível para alguém que anda na escuridão da noite não tropeçar, da mesma forma é impossível para alguém que ainda não tenha visto a Luz Divina não pecar.


14 - O objetivo da Oração do Coração é unir Deus com o homem, trazer Cristo ao coração do homem, banindo o diabo de lá e destruindo todo o trabalho que ele realizou lá pelo pecado. Pois, como o discípulo amado diz: "Para isto o Filho de Deus se manifestou, para que pudesse destruir as obras do diabo". Só o diabo sabe o poder inexprimível dessas sete palavras da Oração de Jesus, e é por isso que ele guerreia e luta contra a oração com raiva e fúria. Inúmeras vezes os demônios confessaram pela boca de pessoas possuídas que eles são queimados pela ação da oração.

15 - Quanto mais a oração nos une a Cristo, tanto mais nos separa do diabo e do espírito do mundo, que gera e sustenta as paixões.


http://oracaodejesus.com/textos-15-pontos-sobre-a-oracao-do-coracao.html#392f216999f9444287b37788645c7dad

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Precisamos usar as armas que Jesus Cristo deixou para continuar a luta diária. A oração, a busca pelos sacramentos, missa, meditação da palavra de Deus, confissão, o santo rosário, a caridade, o despojamento além de outros são armas essenciais para o combate, já que o Salmo 50 nos diz: o pecado está sempre em minha frente. Promover a pessoa humana em todos os aspectos é o essencial, restituir a dignidade humana inserindo os filhos excluídos de volta a vida, Jesus Cristo foi o maior exemplo disso, Pe. Pio entedeu isso e nós precisamos continuar...

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